Primeiro Impacto
Qualquer tipo de doença grave tem um impacto muito grande nas nossas
vidas. Seja uma doença nossa ou de algum familiar, mesmo quando se trata
de alguém mais distante do convívio diário. São as preocupações
resultantes do diagnóstico e do confronto com a doença, da escolha do
tipo de tratamento, das possibilidades de cura, dos ajustamentos que é
necessário fazer na organização da nossa vida … no fundo, do modo de
lidar com a situação.
Quando se trata de cancro a situação não é diferente, pelo contrário,
aqui acresce a carga psicológica que este nome encerra e que a todos
assusta.
O cancro da próstata assume uma particular importância na vida das
famílias, pelo impacto que os seus efeitos secundários têm na
estabilidade emocional dos homens.
Verifica-se, apesar do muito caminho que ainda há a percorrer, uma
crescente consciência da importância da família, em particular da
mulher, no acompanhamento desta doença.
Foi neste contexto que surgiu o projecto “De mulher para mulher” que tem
por objectivo sensibilizar, em particular as mulheres, para a
importância do seu papel no acompanhamento da doença dos seus maridos.
Os textos que aqui apresentamos não foram escritos por profissionais da
área da saúde, mas sim por pessoas anónimas que pretendem partilhar a
sua experiência pessoal, a qual pode constituir para muitos, um suporte
e orientação para a “luta” que estão a travar.
Efeitos do cancro da próstata na minha vida pessoal.
O que posso fazer? / O que se espera de mim?
O meu marido tem cancro da próstata, e agora?
Não vale a pena fingir que tudo continua com dantes… Agora têm um
problema para resolver e a sua resolução vai pô-los à prova.
Vai ser um processo demorado e por vezes doloroso. Todos os que se
encontram à vossa volta vão sentir o impacto, e também a eles vai ser
necessário estar atento, informar e apoiar.
O processo de diagnóstico, tratamento e acompanhamento da doença vai
consumir muito do seu tempo e da sua disponibilidade, pelo que deverá
fazer, desde logo, ajustamentos na sua rotina que lhe permitam ganhar
espaço de intervenção. Provavelmente, sentirá necessidade de recorrer ao
apoio de familiares ou amigos para assegurar algumas tarefas. Não hesite
em pedir-lhes ajuda.
O esforço para compatibilizar a sua vida familiar e profissional será
acrescido, mas, com boa vontade, é possível e mais fácil do que pode
parecer ao início.
Vai sentir-se triste, preocupada, eventualmente impotente, mas nunca se
esqueça de que você é única e a sua presença é fundamental,
indispensável e insubstituível.
Como qualquer problema, este deve ser encarado de frente e de forma
determinada, procurando as melhores soluções para o seu caso concreto.
A nossa sugestão é que acompanhe sempre o seu marido, esclareça todas as
suas dúvidas e partilhe a tomada de decisões que se vão impondo. Muitas
vezes, junto dos médicos, no momento da consulta, as mulheres conseguem
uma maior objectividade e racionalidade, talvez por o cancro apesar de
seu, não estar dentro de si.
O seu envolvimento permitirá aliviar um pouco o peso sobre o seu marido
e dar-lhe-á a segurança e conforto resultante da percepção de que todo o
processo será partilhado e, como tal, menos penoso.
O seu marido precisa de poder contar consigo:
• Para cuidar dele nos momentos em que se encontrar mais limitado nas
suas capacidades e autonomia;
• Para apoiar nas suas tarefas familiares, eventualmente, reorganizando
o apoio dos membros da família;
• Para sentir compreensão pela forma como se sente;
• Para sentir a sua disponibilidade para o ouvir, esclarecer e partilhar
a tomada de decisões;
• Para a sentir sempre ao seu lado, mesmo em silêncio.
E não se esqueça de cuidar de si! Mais do que nunca isso é
extraordinariamente importante.
A situação que está a viver pode tornar-se muito desgastante, tanto do
ponto de vista emocional, como do ponto de vista físico.
Deve procurar alimentar-se bem e descansar. Se tiver possibilidades faça
caminhadas, mesmo que sejam curtas. Além de lhe permitirem tempo de
reflexão, contribuem para descontrair, relaxar e manter-se em forma.
Mantenha o contacto com familiares e amigos com quem possa conversar e
partilhar aquilo que sente e em quem se possa apoiar sempre que
necessário.
É muito importante estar atenta aos sinais do seu corpo. Se necessário
consulte o seu médico e peça ajuda para ultrapassar esta fase difícil.
E nunca se esqueça que Viver conta, mais do que tudo, com o nosso
empenho, determinação e uma atitude solidária!
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