Manuela Figueiredo
“O mundo começou a fugir-me
debaixo dos pés… Durante alguns minutos revi a minha vida… Pensei no meu
marido… nos nossos filhos… em mim… Senti que não ia aguentar… Foram os
piores momentos de toda a minha vida! ”
Foi assim que me senti
quando tive conhecimento que o meu marido estava com um cancro na
próstata. Não sabia o que fazer. Mal conhecia a doença. Tudo o que
sabia, e era suficiente para me assustar, é que o cancro tinha entrado
em nossa casa.
Passados uns minutos,
percebi que tinha de reagir e ser um pilar importante – o melhor de
todos – na fase difícil das nossas vidas que se havia iniciado e que
tínhamos de enfrentar com serenidade e confiança. E foi o que fiz.
Junto de um excelente médico
obtivemos o esclarecimento necessário para a decisão que tínhamos de
tomar, a escolha do tratamento mais adequado à situação. Optámos por um
tratamento que, em princípio, terá sido curativo, assumindo,
conscientemente, o risco dos possíveis efeitos secundários decorrentes
dessa opção.
Neste site, através da
leitura dos testemunhos de outros doentes e de outra informação,
encontrei o primeiro momento de conforto e confiança.
|
|
Não foi fácil, mas juntos e
sustentados numa equipa médica, competente e humana, ultrapassámos a
primeira fase o que nos deu força para enfrentar as próximas etapas
deste processo.
Passados oito meses desde
que tomámos conhecimento da doença, estamos a gerir o melhor possível a
nossa vida e as nossas emoções. Temos altos e baixos, oscilamos entre a
confiança e a apreensão, sobretudo, quando de 3 em 3 meses, fazemos os
exames de controlo. Contudo, a nossa vida está a regressar à normalidade
e continuamos a fazer bons projectos para o futuro.
Curiosamente, a vida hoje
tem outro sabor para nós. Começámos a apreciar e desfrutar mais das
“pequenas coisas da vida”, que afinal podem ter tanta importância e dar
tanto prazer, e a valorizar aspectos que, até então, quase nos passavam
despercebidos, na correria do dia-a-dia. E a vida toma outro sentido.
Aprendi com esta experiência
que o rastreio é fundamental para um diagnóstico precoce e para uma cura
efectiva, que em muitos casos é possível.
O apoio e colaboração da
mulher em todo o processo são absolutamente estruturantes na recuperação
da família, em especial do marido, numa doença como esta.
A
responsabilidade dos textos publicados nesta secção é integralmente
atribuída aos respectivos autores não podendo a APDPróstata ser de
forma alguma responsabilizada pelo conteúdo dos mesmos
|
|
|