António Pereira Pinto
Ten. General, Presidente da
APDPróstata
Tive uma infância atribulada
em termos de saúde. Pneumonias e outras doenças próprias da idade não me
faltaram. A partir da adolescência e até á idade de adulto, a saúde
deixou de me preocupar. Considerava-me mesmo “imune” e quase nem me
lembrava da minha infância complicada em termos de saúde. Os anos foram
passando e com eles a minha convicção de “imunidade” foi aumentando...
Aos 54 anos tive uma
surpresa desagradável: Como resultado de prática de corrida regular,
comecei a urinar algumas vezes com vestígios de sangue, devido à
formação de cristais de ácido úrico na bexiga que durante a corrida
provocavam pequenas hemorragias.
A minha “imunidade” ficou fortemente abalada e o recurso ao médico era
inadiável. Consultas, exames, o toque rectal, evidência de uma bexiga
deformada, próstata hipertrofiada, possibilidade de uma intervenção
cirúrgica, etc. Diagnóstico de hiperplasia benigna da próstata. A partir
daí fiz regularmente os exames de acompanhamento necessários (a vida
militar me obrigava a isso).
Quando deixei o serviço
activo…deixei de fazer o acompanhamento regular. E o tempo foi passando.
Só 3 anos mais tarde, por insistência do meu urologista voltei a dar
atenção á minha próstata. E foi um grande choque!
De exame em exame chego á
biopsia: resultado positivo! Choque, auto-convicção de “imunidade”
destruída, perspectivas de uma fatalidade sem solução e a derrocada de
todas as perspectivas de vida futura! Inicio as visitas ao IPO, contacto
com outros doentes e sou posto perante a decisão – operar com eventuais
consequências negativas ou só fazer o tratamento paliativo com os possíveis
perigos de o carcinoma se “descontrolar” e poder propagar-se a outros
locais do corpo. Com a ajuda do meu urologista decidi-me pelo tratamento
hormonal intensivo e já lá vão 15 anos!
Se alguma coisa se pode
tirar desta minha experiência, será apenas na forma de um apelo: Fazer
os exames à próstata a partir dos 50 anos e insistir que outros o façam.
Manter-se informado, procurar ajuda, informar os familiares mais
próximos, procurar o médico, fazer exercício físico (nadar ou andar a pé
regularmente). Ter ocupações saudáveis – ler, ir a espectáculos, viajar,
conviver em família e com amigos! Mas sobretudo, não “esconda” o seu
problema nem de SI MESMO!
Veja aqui a entrevista de
Júlia Pinheiro a António Pereira Pinto, Presidente da APDP, no Programa
da TVI "As Tardes da Júlia"