Fernando Albuquerque
Tenho 76 anos e desde 2009
que era seguido por um médico do SNS, depois de ter feito um rastreio no
Centro de Saúde, onde resido. Em 2009 o meu PSA era 3.88. Em 2010 passou
para 6.24. Em 2011 foi 7.50. Em 2012 subiu para 9.58. Em 2013 passou
para 18.20 e em 2014 foi 14.11. Fiz TRÊS biopsias em 2010, 2012 e 2013
com resultados negativos e sempre com a indicação do médico que estava
tudo bem.
Em 2014 fui a uma consulta
num instituição de saúde particular. A primeira resposta que obtive do
médico que me atendeu é que a minha próstata não estava bem, pois com um
valor de PSA tão elevado algo não estaria correcto. Fiz uma ressonância
magnética que acusou um tumor e depois tive de fazer um novo exame (no
bloco operatório com anestesia), pois segundo me informaram as agulhas
não chegavam onde estava o referido tumor. Esse exame confirmou um "adenocarcinoma
da próstata moderadamente diferenciado". Ou seja, de uma situação "sem
problemas" durante anos, passei a ter um tumor maligno.
O que me revolta é a forma
como tratam as pessoas, pois dá a impressão que os idosos andam a mais
neste País e quem não tem recursos financeiros para consultar outras
opiniões, já sabemos o que lhes acontece.
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Depois de saber esta
dolorosa verdade, devido à minha idade não me aconselharam a operação.
Fiz radioterapia e a garantia de 90% de êxito, com sequelas que me foram
antecipadamente indicadas. Já passaram dois anos que fiz o tratamento e
o PSA baixou para 0,04.
É evidente que se fosse mais
novo teria feito queixa do médico que me acompanhou durante vários anos
e que no meu caso e noutros que tenho conhecimento, deveria ser
responsabilizado por não ter feito o que outro médico fez, tendo o
cuidado de procurar a justificação de um PSA tão elevado.
Mas como sabemos os doentes
quase nunca têm razão.
Fernando
Albuquerque
Janeiro de 2017
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