Nasci em 1935 e continuo a
caminhar na vida alegremente pois gosto muito de viver, mas no entanto
TIVE um cancro na próstata, a doença «maldita» dos homens.
Tomei cedo conhecimento dos
problemas que a próstata poderia provocar, pois felizmente na empresa
onde trabalhei, a partir dos 45 anos, anualmente fazíamos um exame
completo, incluindo o toque rectal, o complexo dos homens.
Pratiquei ao longo da minha
vida, até aos 60 anos, vários tipos de desporto, desde o futebol de
salão, futebol de onze, andebol de sete, remo.
Nunca bebi bebidas
alcoólicas, não fumo, não bebo café. e não tenho antecedentes cancerosos
na minha família , me considerava um homem saudável, mas nunca descurei
os meus exames á próstata que me deixavam tranquilo até que um
dia...quando num exame de PSA encontrei um valor de 5,2, quando o valor
máximo seria de 4. Esta situação me levou de imediato ao meu medico
urologista, que ao mesmo tempo que me tranquilizava me mandou fazer o
exame do PSA todos os seis meses, o que cumpri.
Tudo isto se passou nos meus
65 anos, e lentamente os exames do PSA foram aumentando até ao valor de
16. É a partir deste valor que os médicos do Hospital de Santa Maria,
onde estava a ser acompanhado, me recomendaram a sempre não desejada
Biopsia.
Não esqueço o dia, quando
acompanhado da minha esposa recebi a noticia; POSITIVO.
A minha primeira pergunta;
porquê eu? Entendi então que o cancro, e devemos todos deixar de ter
medo do nome, é uma doença silenciosa que poderá atacar todos e para a
qual só há uma resposta; prevenção e quando falo de prevenção é o de
controlar o que se passa na nossa próstata , pois existem vários tipos
de doenças e no caso de se ter um tumor maligno, pensar de imediato em
vencer o cancro , admitindo todas as consequências.
De imediato me foi proposto
pela equipa que me estava a acompanhar, as possibilidades da tratamento,
(e entre as várias propostas também me disseram que eu poderia tomar a
atitude de não fazer nada, mas depois quando lá voltasse, quem não faria
nada seriam eles, médicos) considerando que no meu caso o melhor seria a
extracção total pois as sequelas prováveis seriam sempre as mesmas
(impotência e incontinência) fosse qual fosse a escolha. Imediatamente
fiz no Hospital, no departamento de Medicina Nuclear, uma cintigrafia
(análise ao esqueleto completo para despistar qualquer hipótese de
metástases) e uma TAC á região vesicular, não se encontrando nenhum
problema.
Fui operado com 67 anos, com
êxito, pois não tive necessidade de fazer radioterapia nem fiquei
incontinente, (que eu considero a pior das sequelas da operação pois se
torna num flagelo social). Hoje, já se passaram 5 anos e continuo bem,
continuando a fazer os meus PSA anuais.
Para este êxito é necessário
a compreensão e o apoio das pessoas mais perto de nós, pois só com muita
compreensão se consegue ultrapassar o que a operação nos deixou como
sequela, MAS COM VIDA e para uma melhor vida o papel da esposa é muito
importante; o que ela quer é que aquele homem prolongue a sua vida,
evitando pressionar em relação a sexualidade.
Aqui vos quero deixar com
este meu depoimento a esperança que tudo é possível vencer, mesmo um
cancro.
CUIDEM-SE
Veja aqui a entrevista de
Fátima Lopes
a
Luís Corte Real no Programa da SIC "Vida Nova"